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Crescimento do etanol de milho redesenha o setor de biocombustíveis e abre novas frentes regulatórias

  • Bruno Cherubin
  • 27 de out.
  • 3 min de leitura
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A produção de etanol de milho vem ganhando destaque no cenário energético nacional e deve, em aproximadamente dez anos, se equiparar à produção atual de etanol de cana-de-açúcar, segundo projeções da Datagro Consultoria. A análise foi apresentada pelo presidente da consultoria, Plínio Nastari, durante a 25ª Conferência Internacional Datagro sobre Açúcar e Etanol, realizada no último dia 21 de outubro.


De acordo com Nastari, a rápida expansão do etanol de milho está alterando a geografia da produção de biocombustíveis no Brasil, tradicionalmente concentrada no eixo Centro-Sul e baseada na cana-de-açúcar. Atualmente, o país conta com 25 plantas industriais em operação, 18 em construção e 19 em fase de projeto, que poderão elevar a capacidade instalada para 24,7 bilhões de litros até 2034, com o processamento de cerca de 56,6 milhões de toneladas de milho.


Interiorização e descentralização produtiva


Embora ainda haja forte presença nos estados de Mato Grosso, Goiás e Mato Grosso do Sul, a Datagro observa um movimento de expansão para o Matopiba — região formada por Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. Essa interiorização, além de acompanhar o avanço da fronteira agrícola de grãos, tende a reduzir custos logísticos e aumentar a oferta regional de combustível, promovendo maior equilíbrio na distribuição da produção nacional.


Cenário produtivo e projeções


Na safra 2024/25, a produção nacional de etanol atingiu 37,3 bilhões de litros, sendo 29,1 bilhões provenientes da cana-de-açúcar e 8,2 bilhões do milho, conforme dados da União da Indústria da Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica). Para 2025/26, a Datagro projeta 26 bilhões de litros de etanol de cana e 10,2 bilhões de milho, estimando ainda que novos empreendimentos até o final de 2026 acrescentem outros 5 bilhões de litros de capacidade instalada.


Competitividade e custos operacionais


Um dos fatores que impulsionam o avanço do etanol de milho é o menor custo de produção. O custo operacional do litro do etanol de milho varia entre R$ 1,82 e R$ 2,09, dependendo da localidade, enquanto o etanol de cana apresenta custo médio de R$ 2,86, podendo alcançar R$ 3,23 quando considerados encargos e depreciação. A rentabilidade é reforçada pela valorização dos subprodutos, como os grãos secos de destilaria (DDG) — utilizados na alimentação animal — e o óleo de milho, que geram créditos relevantes às plantas industriais.


Integração entre cana e milho


Nastari destacou que o avanço do etanol de milho não representa ameaça ao etanol de cana, mas uma complementaridade produtiva. O modelo das usinas flex, que processam ambas as matérias-primas, tem se mostrado estratégico por prolongar o período de safra, otimizar o uso da capacidade industrial e reduzir a ociosidade das plantas. O especialista defende que, no futuro, o “modelo vencedor” será o que integrar as duas cadeias produtivas, aproveitando as vantagens comparativas de cada fonte de biomassa.


Impactos regulatórios e perspectivas de mercado


A expansão da produção e a descentralização do etanol de milho ocorrem em um contexto de mudanças regulatórias relevantes, especialmente com a reforma tributária, que prevê a uniformização do IVA e o fim dos incentivos fiscais estaduais até 2032. Segundo Nastari, essas alterações tendem a estimular o consumo do etanol hidratado, cuja participação na frota flex já alcança 41,5%. Atualmente, cerca de 85% dos veículos leves do país são flex fuel, o que amplia o potencial de absorção da oferta crescente de biocombustíveis.


Relevância jurídica e institucional


A tendência de expansão do etanol de milho reforça a importância de planejamento regulatório, tributário e ambiental para investidores e operadores do setor. Questões relacionadas à licenciamento ambiental, incentivos fiscais estaduais, compliance energético e contratos de fornecimento agrícola e industrial ganham novo relevo diante da interiorização e diversificação da matriz produtiva.


Fonte: 



Publicado em 21 out. 2025

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